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TiO2-Pigmento abate a poluição
Tempo: 2014-09-15 Fonte de: www.quimica.com.br
O dióxido de titânio está ganhando um novo status: o de agente antipoluição. Cientistas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, já constataram que, em determinadas condições, o TiO2 é capaz de agir sobre partículas como o óxido de nitrogênio, reduzindo seu impacto ambiental. Por conta disso, eles trabalham no desenvolvimento de aplicações do insumo em produtos com apelo ecológico. Um painel de alumínio pintado com uma tinta invisível com essas características foi lançado no mercado mundial no final do ano passado pela Alcoa, o Reynobond Ecoclean.
Segundo a empresa, a aplicação de 930 m² do novo painel em um edifício pode compensar a poluição causada por quatro carros em um dia, o que equivale à capacidade de limpeza de ar de aproximadamente 80 árvores. A camada de dióxido de titânio da tinta, informa a empresa, age como catalisador da luz do sol quando aplicada sobre uma superfície de alumínio. Os elétrons presentes no produto são aquecidos pelo sol e interagem com as moléculas de ar. Durante esta reação química, as substâncias liberadas destroem os poluentes.
O painel também apresenta características autolimpantes. Quando exposto aos raios de luz ultravioleta (UV), o revestimento torna a superfície hidrofílica. Quando a água da chuva atinge o painel, as partículas de sujeira deslizam, limpando-o. E este é, por hora, o principal apelo comercial. Segundo Valter Rodrigues, executivo da Alcoa, o m² do painel Reynobond tradicional, sem o Ecoclean, custa por volta de R$ 110,00, com a aplicação do novo material, realizada em fábricas da Alcoa nos Estados Unidos e na França, este preço sobe em 30%. Diferença que é compensada no longo prazo, uma vez que com o Ecoclean é possível reduzir os custos de manutenção, como a lavagem anual da fachada. “Acreditamos que este novo painel tem um grande potencial de vendas em prédios comerciais, aeroportos e estádios de futebol”, afirma. O Ecoclean foi desenvolvido pela Alcoa em parceria com a japonesa Toto, que já trabalha em novas aplicações da tecnologia
Aqui no Brasil, os pesquisadores João Victor Staub de Melo e Clicério Trichés, ligados à Universidade Federal de Santa Catarina, estudam a produção de peças pré-moldadas de concreto fotocatalíticas, com adição do semicondutor TiO2 na forma rutilo, para a degradação de óxidos de nitrogênio, que seriam convertidos fotoquimicamente em íons de nitrato. As experiências realizadas com o concreto adicionado de dióxido de titânio atingiram uma taxa de conversão de 50% do poluente. As novas aplicações antipoluentes de TiO2 são uma importante novidade na luta pela redução da poluição atmosférica e devem estimular, no futuro, a ampliação da produção mundial do material. Por ora, porém, botam ainda mais pressão na cotação internacional do insumo.